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terça-feira, 31 de agosto de 2004

Será?

Os serviços secretos russos admitiram que a queda de dois aviões comerciais na semana passada se ficou a dever a explosões a bordo.

Neste momento têm duas dúvidas: quem foram os autores do atentado e qual o objectivo.

Na minha modesta opinião, estou em crer que os autores foram quem provocou as explosões. O objectivo cheira-me que foi fazer cair os aviões. Digo eu...

segunda-feira, 30 de agosto de 2004

Sete Mares

Algures no oceano navega um barco. Vigiado dia e noite como um criminoso prestes a cometer o seu crime. Será crime? Não será crime? A cada indivíduo e à sua consciência individual cabe a resposta.

Este post não quer dizer que sou a favor, não significa que sou contra. É apenas actual.

O "Platónico", como blog de livre expressão que sempre foi e sempre será, está aberto à discussão. Livre e sem censuras.

. Women on Waves

. Associação Portuguesa de Maternidade e Vida

quarta-feira, 18 de agosto de 2004

Pausa sabática

Chegou o momento de me recolher. Nos próximos tempos vou deixar de “postar” no Platónico. Faço-o por falta de tempo mas, acima de tudo, por falta de vontade para o fazer.

Quem sabe se quando voltar – e se voltar – a ausência a que me veto não trará a inspiração para textos mais interessantes.

Até lá, acredito que quem nos visita o irá continuar a fazer. Afinal de contas, qualidade é o que não falta nos posts das minhas companheiras de escrita.

Nunca se esqueçam de lavar os dentes antes de deitar e, ao atravessar a estrada, olhem sempre para os dois lados.

Abraços para quem é de abraços, beijos para quem é de beijos.

terça-feira, 17 de agosto de 2004

Ajuda emocional

Todos nós, algum dia, já tivemos medo de errar, de tomar alguma decisão e mais tarde chegar à conclusão de que ela não foi a decisão mais acertada!
Mas existem pessoas que têm verdadeiro pavor de errar até nas mínimas coisas. Estão sempre preocupadas, agitadas, nervosas, aflitas, fazendo de tudo para acertar o tempo todo! E, mesmo que não queiram, sempre procuram fazer de tudo para não errar (tudo mesmo).


Mas há que ter capacidade em ter confiar em nós próprios, de nos sentirmos capazes de poder enfrentar os desafios da vida, e saber expressar de forma adequada para nós e para os outros as próprias necessidades e desejos, e de ter amor próprio...

A baixa auto estima gera ansiedade, medo, depressão, fobias,...enfim, uma série de outros problemas! As pessoas costumam confundir auto-estima com egoísmo! Uma pessoa com boa auto estima nunca é egoísta! Ao contrário!!! Aquele que ama a si próprio, respeita-se e, automaticamente, respeita as outras pessoas e jamais desejará prejudicá-las. O egoísta, por sua vez, só pensa em si próprio, nunca se importando com ninguém!!

Em suma, é saber que temos o direito e merecemos mesmo ser feliz! E para ser feliz, a auto estima deve estar num bom nível, quanto maior, melhor!

Há no entanto um outro comportamento que inibe a auto-estima, que é a Timidez!
A timidez manifesta-se através da tensão e inibição em situações sociais, que interferem e dificultam a realização de objectivos pessoais ou profissionais de uma pessoa. Uma pessoa tímida tem dificuldade na procura de novos empregos, ao iniciar novas amizades e namoros, em situações de intimidade, quando precisa pedir informações a estranhos, quando tem necessidade de reclamar seus direitos ou falar com autoridades, enfim, a timidez surge nas mais variadas e diferentes situações da vida social. A timidez pode variar do "ficar sem jeito" em uma situação social específica (por exemplo, dificuldade de falar em público), passando por uma timidez crónica (que aparece em todas ou quase todas - as áreas da vida do tímido), até chegar à fobia social (a mais grave de todas, impedindo a pessoa de fazer até mesmo as coisas mais simples do dia a dia). Em uma situação social, ao invés de envolver-se na conversa, o tímido observa a situação "de fora" da mesma; não presta atenção ao que o outro diz, mas fica prestando atenção em si mesmo, em como está saindo sua voz (sempre baixa, trémula); não sabe onde colocar as mãos (que podem estar suando ou trémulas); não consegue encarar ninguém nos olhos, sempre desviando o olhar, ficando de cabeça baixa, olhos voltados para o chão. O tímido procura ir a festas e reuniões sempre acompanhado, tenta nunca está só: só vai só quando não encontra desculpa para não ir. Quando alguém se aproxima dele em festas, fica vermelho, deseja desaparecer e permanece sempre quieto nos cantinhos! Uma pessoa tímida sempre ensaia muito o que vai dizer ou procura evitar a exposição de suas ideias, pois tem medo da avaliação negativa dos outros (ele morre de medo de passar-se por tolo). Por estar sempre tenso nas situações sociais, o tímido pode passar para as outras pessoas uma imagem de "poucos amigos", de ser alguém de "difícil acesso" ou até mesmo a imagem de ser uma pessoa arrogante. Puro engano!!!


O tímido tem muitos medos...

Ele tem medo de situações novas, de falar em público, de expor sua ideias ou a si mesmo pois teme ser avaliado, julgado ou não ser aceito pelos outros. Uma pessoa tímida é incapaz de ousar! Quanto mais inseguro o tímido se sentir em relação a outras pessoas, quanto mais nova for a situação e quanto menos conhecida seja a pessoa com quem o tímido está se relacionando, maior será a necessidade dele de se refugiar internamente, retrair-se, pois sente-se muito ameaçado. O tímido tem medo de gente... tem medo de não ser aceito, medo de ser rejeitado! Possui pensamentos e sentimentos negativos sobre si próprio, sentimentos de inferioridade, sua auto estima e confiança em si mesmo são muito baixas, tem medo de errar, etc...

Quais seriam as causas da timidez?
O medo de não ser aceito e de ser rejeitado é universal! A necessidade de se sentir aceito e receber carinho e amor é comum a todas as pessoas.

Como o tímido lida com essa necessidade?
Se crescemos num clima em que nos sentimos rejeitados e mal amados, carregamos connosco o sentimento de desvalorização, responsável por uma baixa auto-estima: somos adultos inseguros com enormes dificuldades diante da possibilidade de um fracasso, incapazes de suportar a avaliação do outro e a nossa própria auto-avaliação. Se crescemos num clima com excesso de amor, com uma protecção excessiva, perdemos a capacidade de sustentar as frustrações e caminharemos ao longo da vida tentando evitar as decepções. O tímido permanece prisioneiro de seus temores e não aprende com as experiências, pois não se permite arriscar!!!!

Texto elaborado
com apoio em
artigos da
Dra. Olga Inês Tessari

Ora aí está uma grande verdade



E neste caso, quem parte e reparte... até fica com a melhor parte!

;-)

segunda-feira, 16 de agosto de 2004

Feitiozinho de Merda

Todos temos os nossos defeitos logo, cometemos erros. Entre os vários com que fui “abençoado” à nascença destaca-se o tirar ilações de determinadas situações e imediatamente deixar o mau feitio vir ao de cima. Não penso sequer em analisar a situação. Como um reflexo condicionado, acabo por cair na mesma estupidez vezes sem fim, nunca aprendendo com o meu erro, acabando invariavelmente por cair numa situação que me parecia existir mas que – agora tenho consciência disso – pela qual eu sou o principal culpado.

Por vezes são situações banais, que não causam males maiores. Outras, idiotices de todo o tamanho que não têm lógica ou razão de ser. O resultado é sempre o mesmo: magoo quem me rodeia e, por inerência, a mim mesmo.

Mais uma vez deixei o ego falar mais alto. Mais uma vez voltei a errar. Mas, pela primeira vez, fui confrontado com o meu erro. Fizeram-me ver que não era o dono da verdade e que nem sempre a “culpa” é dos outros.

Só me resta tentar emendar a mão e esforçar-me para aprender com as minhas falhas. Até lá vou continuar a pedir desculpas a quem as devo, sempre com a esperança de que não seja tarde demais, e agradecer terem-me mostrado que nem sempre o que parece é, e que antes de olhar para os outros devemos olhar primeiro para nós.

Desculpa.

Porque será?

Porque será que magoamos as pessoas de quem gostamos?
Temos esse defeito e nem nos apercebemos dele?
Porque será que o amor traz tantas alegrias e tantas tristezas ao mesmo tempo?
Não podemos ser felizes sem sofrimento?
Porque será que a vida é tão justa para uns e tão injusta para outros?
Não somos todos iguais?
Porque será que existem tantas perguntas que não sabemos responder?

" Justamente quando consegui encontrar todas as respostas, mudaram todas as perguntas."


domingo, 15 de agosto de 2004

Amigos Platónicos

O Platónico tem, a partir de hoje, mais um amigo platónico (ou antes, uma amiga) que merece uma menção especial. Sou Mãe Adolescente deve ser lido e relido. Uma escrita segura, límpida e sincera que nos prende logo à primeira frase. Depois da primeira visita é impossível não voltar.

sábado, 14 de agosto de 2004

Descentralização

Na Coreia do Sul decidiram construir de raiz uma nova cidade, que irá funcionar como capital.

Esta parece-me ser uma ideia digna de ser implementada em Portugal. Porque não construir uma nova capital e transferir para lá todos os ministérios e órgãos do governo da nação?

Até já tenho uma sugestão para a localização: as Ilhas Selvagens! Lá é que o Governo ficava mesmo a matar. Não sei é se o Alberto João iria achar piada…

sexta-feira, 13 de agosto de 2004

Jogos Olímpicos

Têm hoje início os Jogos Olímpicos de Atenas. Vai começar uma maratona desportiva que me faz ficar agarrado à televisão qual mexilhão entalado entre a rocha e a onda mais forte da maré (esta foi linda).

O que eu gosto dos Jogos Olímpicos. Todos aqueles desportos reunidos no mesmo espaço, atletas em busca de uma medalha, a consagração suprema.

Ainda me lembro quando a Rosa Mota venceu a medalha de ouro em Seul. Até me vieram as lágrimas aos olhos. Ou foi da vitória ou então foi por ter mordido a língua enquanto trincava desalmadamente amendoins estendido no sofá. Seja como for, vieram-me as lágrimas aos olhos, disso lembro-me bem… foi da vitória… ou não… da dentada?

Sexta-Feira 13

Como dizia o outro “não sou supersticioso. Isso dá azar”.

quinta-feira, 12 de agosto de 2004

Amizade ou romance?

No outro dia estava a passar os olhos por uma revista quando me deparei com um título que me deixou pensativa. No título do artigo podia ler-se qualquer coisa como: "poderá existir apenas amizade entre um homem e uma mulher?" Comecei a ficar preocupada pois o artigo dizia que entre um homem e uma mulher existe sempre romance. Assim sendo, e tendo em conta que para além das minhas amigas, que eu adoro, tenho também amigos, quer dizer que vou ter um romance com eles! A sorte é eu não concordar em nada com o artigo senão reparem para além de ter um romance com os meus amigos iria ter também um romance com o meu irmão, a quem eu considero o meu melhor amigo!!
Só tenho uma pergunta a fazer: será que quem escreveu o artigo acredita mesmo no que escreveu???

Reeducação quê???

Qualquer pessoa que já fez, faz ou fará dieta sabe que essa não é a solução. No máximo, é um empurrãozinho. Os especialistas são unânimes em afirmar que a única saída para o excesso de peso crónico é a reeducação alimentar. Só que, tal como o socialismo, a paz e a queda dos juros, a reeducação alimentar é uma utopia. Por acaso conheces alguém, digamos assim, alimentarmente reeducado?
Quando um dependente químico de comida permanece um bom tempo aparentemente recuperado, é porque se converteu à religião do nosso tempo, a ginástica. Ou então tornou-se mais um desses que se lipodesfazem regularmente na mesa de operações.
País mais afectado pela dependência química de comida, os Estados Unidos lançaram um programa de reeducação alimentar à força. Fabricantes de chocolates e salgadinhos estão a ser obrigados a diminuir o teor de gordura dos seus produtos. Em vez de ir ao dentista, os consumidores de doces e frituras agora vão directamente ao advogado, para pedir indemnizações bilionárias à indústria da gula. Os próximos capítulos são fáceis de adivinhar. Os restaurantes vão ter ambientes separados para clientes fritantes e não-fritantes.
Não tarda muito, temos os chocolates forrados com rótulos ameaçadores, ilustrados por fotos de obesos mórbidos, adolescentes borbulhentos e avisos como:
A EUFORIA CAUSADA PELO CONSUMO DESTE PRODUTO DURA POUCO E É SEGUIDA POR DEPRESSÃO, ERUPÇÕES NA PELE E PNEUZINHOS INDESEJÁVEIS.
Ou: CADA UNIDADE DESTE SALGADINHO (QUE É IMPOSSÍVEL COMER UM SÓ) NECESSITA DE DOIS A TRÊS MINUTOS DE PASSADEIRA PARA SER QUEIMADA.
Ou ainda: UM MINUTO DA BOCA, O RESTO DA VIDA NAS ANCAS.
Não, não, nada disso vai dar certo.
Como nos poderemos reeducar alimentarmente, se ele, o Magro-de-Ruim, está solto? O Magro-de-Ruim - aquele tipo que come o que quiser, na quantidade que bem entender, e jamais engorda - é um curso de deseducação alimentar ambulante. A sua mera existência abala a fé na justiça e inviabiliza o estabelecimento da mais rudimentar relação de causa-e-efeito.
Todo o Magro-de-Ruim deveria ser requisitado por lei a submeter-se a baterias de estudos científicos que ajudassem o resto da humanidade - pelo menos o resto da humanidade que come - a comer e não engordar.
Onde estão as grandes empresas de biotecnologia, que não tentam decodificar o genoma do Magro-de-Ruim?
É preciso declarar o Magro-de-Ruim de utilidade pública, para que o seu metabolismo seja clonado e transplantado para homens e mulheres de bem…


Adaptado de “O Efeito Sanfona – Confissões de um Dependente Químico de Comida”, de R. Freire

A poção do Amor

Se me pedissem para atribuir um único adjectivo à minha relação, imediatamente me ocorreria “apaixonante”.

E se me pedissem para explicar o porquê?

Bastava-me transformar cada letrinha desse adjectivo num ingrediente da poção do amor que bebo diariamente.

Para quem estiver interessado, aqui vai:

...............Atenção...........
........comPreensão.........
..honestidAde.................
.........confIança..............
..........paiXão.................
....respeitO....................
.........inteNsidade..........
......compAtibilidade.......
.......cedêNcia...............
..............Tolerância......
............dEsejo.............

Ah… só mais uma advertência. Estes ingredientes não se compram, nem se criam… já vivem dentro de nós… mas só se manifestam quando encontramos a pessoa certa!


Mas acreditem que vale mesmo a pena esperar por essa pessoa!

Porque depois, tudo o que temos a fazer é cultivar cada um deles diariamente… pra sermos felizes!

quarta-feira, 11 de agosto de 2004

Errar

O maior erro que poderemos cometer na vida,

É o de ficarmos o tempo todo com medo de cometer algum.

Errar é humano. Deitarmos a culpa nos outros, também.

Quem decide pode errar, quem não decide já errou.

Existe, sem dúvidas, um remédio para cada culpa: reconhecê-la.
Um dia bem empregue é melhor que uma eternidade de erros.
Em geral, chamamos destino às asneiras que cometemos.
Experiência é o nome que nós damos aos nossos próprios erros.
Todos os erros são desafios, e é aceitando e vencendo os desafios que continuamos vivos.
A mais perigosa de todas as fraquezas é o medo de parecermos fracos.
O pior defeito é julgarmo-nos isentos de defeitos.

LOLOLOL

Fascinado com as tarefas domésticas, o marido resolveu lavar uma camisola dele.
Pouco depois de ter chegado perto da máquina de lavar, gritou: "Que programa de lavagem é que devo usar na máquina?"
"Depende," respondeu a esposa. "O que diz na camisola?"
Ele gritou outra vez, muito feliz: "I love Lisbon."
Desabafo da esposa: "E ainda falam das loiras!..."

terça-feira, 10 de agosto de 2004

Alentejano!

Sou alentejano. Nasci na terra das searas douradas ondulando ao vento. Das casas empoleiradas nos montes, orgulhosas dos seus rodapés coloridos.

Sou alentejano. Saboreio a pacatez da vida, aprecio a boa comida – bem regada, pois então!

Sou alentejano. Gosto de me perder nas planícies, andar sem rumo certo. Sentir o cheiro da flor da carqueja sob o orvalho da manhã, seguir o girar dos girassóis.

Sou alentejano. Aprecio a terra pelo que ela é e não pelo que dá, sem pressas, sem apertos ou desesperos.

Sou alentejano. Amo os meus amigos, porque são verdadeiros. Venero a minha família, ninho reconfortante para onde posso sempre voltar e alentejanos como eu.

Sou alentejano e orgulho-me de o ser. Acima de tudo amo a minha terra, amo o meu Alentejo.

sexta-feira, 6 de agosto de 2004

Memórias


Redescobri há pouco tempo – por "culpa" da minha mãe – António Variações.
Ao recordar alguns dos êxitos deste cabeleireiro que nos dava música como ninguém, vi-me transportado para o passado, para as tardes de verão sentado no chão do quarto transformado em pista de automóveis ou oeste selvagem. O rádio sempre ligado de onde emanavam melodias que acompanhavam as minhas aventuras.
António Variações faz parte da banda sonora da minha infância. Uma banda sonora que sabe sempre bem recordar.

"Estou Além - António Variações"

Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde

Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão

Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi

Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder

Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar

Vou continuar a procurar
O meu mundo
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou

terça-feira, 3 de agosto de 2004

Passado

Quem passa pelo que passa,
sonha sempre com o passado.
Mas não pensa em lá voltar
pensa em seguir para outro lado.

Porque o que foi não torna a ser.
E o sonhar em nada altera
um caminho que foi trilhado,
a sonhar com uma quimera.

A cada dia um aprender
de experiência fundado.
Um viver de conquistas,
um saber consolidado.

Para o presente vislumbrar,
com olhos de quem almeja
um final de encantar.
De quem tem o que deseja.

Porque se voltar pudesse
não seria o meu desejo.
O que vem não sei dizer
e o que foi, já pude ver.

segunda-feira, 2 de agosto de 2004

Liberdade

Era uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosa. Enfim, um animal feito para voar livre e solto no céu, e alegrar quem o observasse.

Um dia, uma mulher viu o pássaro e apaixonou-se por ele. Ficou a olhar o seu voo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rapidamente, os olhos brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.

Mas então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro.

E sentiu-se sozinha.

E pensou:” Vou montar uma armadilha. Da próxima vez que o pássaro surgir, ele não partirá mais.”

O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola.

Todos os dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objecto da sua paixão, e ela mostrava-o às suas amigas, que comentavam: “Mas tu és uma pessoa que tem tudo.” Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássaro, e já não precisava de o conquistar, foi perdendo o interesse. O pássaro sem poder voar e exprimir o sentido da sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio – e a mulher já não lhe prestava atenção, apenas prestava atenção à maneira como o alimentava e como cuidava da sua gaiola.

Um belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e passava a vida a pensar nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.

Se ela se observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico.
Sem o pássaro, a sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater à sua porta. “Por que vieste?” perguntou à morte.
“Para que possas voar de novo com ele nos céus”, respondeu a morte.” Se o tivesses deixado partir e voltar sempre, amá-lo-ias e admirá-lo-ias ainda mais; porém, agora precisas de mim para poderes encontrá-lo de novo.”

"Amo a liberdade, por isso tudo o que amo deixo livre, se voltar é por o conquistei, se não, é porque nunca o possuí."