origem

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Um Até Já

Chegou o dia, tinha que chegar mais cedo ou mais tarde. Foram 23 meses em que, salvo férias e fins-de-semana, pude estar contigo diariamente. Nesses 23 meses a maior parte foram passados com o calor no peito que só quem ama pode sentir. Descobri-te pouco a pouco e deixei-me descobrir, sempre consciente de que te podia deixar entrar no meu circulo de confiança porque nunca a irias trair. Não me enganei.

E conquistaste-me. Primeiro como colega que me acompanhava nos minutos dedicados a um, dois cigarros à porta, fizesse sol, frio ou chuva, e aos poucos fui dando mais valor à tua companhia. Comecei a sentir a tua falta quando não estavas, quando não trocávamos e-mails sem sentido só porque nos divertia durante o dia. E foi então que percebi: havia muito mais em ti do que uma simples colega de trabalho, havia em ti o carinho, a companhia e a amizade que me completava. Percebi que eras tu a “metade” de que tanto ouvi falar mas que duvidava existir. Poder descobrir que sentiste o mesmo em determinado momento fez de mim a pessoa mais feliz do mundo, descobri como é bom poder amar e ser amado de volta, entregar o coração sem medo do futuro.

Mas as coisas mudaram para ti, seguiste por outro caminho e tomaste as tuas decisões. Sofri, muito, e, para ser sincero, continuo a sofrer. Continuo a sentir a tua falta, a falta dos teus beijos, do teu abraço, de olhar para ti e sentir como era feliz por te saber a meu lado, porque, ao contrário de ti, o meu caminho continuas a ser tu e o meu amor por ti nunca morreu e continua bem vivo. Ficou apenas uma amizade que, a espaços, senti como apenas de circunstância perante tudo o que te dizia sentir.

E fui acompanhando a tua vida na medida em que me permitias, com o que partilhavas comigo, nas confidências que me fazias, na confiança que demonstravas ter em mim. E foste suportando os meus desabafos sobre o que sentia por ti, como precisava de ti e te queria de volta, sempre com uma tolerância e cuidado que me faziam amar-te cada vez mais pelo muito que mostraste preocupar-te com os meus sentimentos.

Durante esses meses fui conhecendo cada vez mais da pessoa que és, do que mostras e a quem mostras e porquê, do que escondes para te proteger e deixas que vejam apenas quando confias. Descobri o bom e o mau que há em ti, as qualidades e os defeitos e quanto mais conhecia mais tinha a certeza de que realmente és alguém muito especial e mais e mais te amei em cada uma das tuas facetas, sem nunca duvidar. Senti que talvez me amasses como te amo, que talvez as coisas pudessem ser como tanto desejo, por vezes por coisas que me dizias e me faziam sonhar. De outras vezes sentia que não valia a pena o sonho, que não passaria de mais um amigo e que esse teu coração será de alguém que não eu. De todas as vezes te amei.

E senti, com alegria, a nossa amizade tornar-se mais forte. Senti em ti alguém em quem confiar, alguém com quem posso conversar sobre tudo ou simplesmente ficar sentado em silêncio a ver o sol mover-se lentamente. E é assim que te vejo partir dos meus dias, vou deixar de te ter por perto diariamente, olhar em volta e ver-te ali, concentrada no trabalho, indiferente ao mundo, olhar o e-mail e ver o teu nome em mais uma mensagem, partilhar dois dedos de conversa durante um café.

Vejo-te partir mas não te sinto sair. Sei que não estás fisicamente mas estarás sempre no meu peito, bem fundo no meu coração e não quero que isso mude. Estarás sempre presente porque te amo e porque me vais continuar a acompanhar onde esteja. Vejo-te partir mas o que sinto é apenas o início de uma nova fase na relação que temos, agora separados fisicamente mas nunca longe, porque não consigo aceitar que possa ser assim. A nossa história não acaba aqui, não deixes que acabe.

Por tudo isto não te digo adeus, digo-te apenas “até já”.

Amo-te bebé, perto ou um pouco mais longe.

Sem comentários: