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quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

Outra vez o Natal...

Por mais que os anos passem, nunca hei-de esquecer uma véspera de Natal algures nos anos 80...
Vinha eu a sair do Centro Comercial da Portela com o meu pai (na altura ainda não havia Colombos nem nada dessas coisas), quando nos deparamos com um velhote debruçado sobre um canteiro junto à porta.
As pessoas passavam apressadamente, em busca dos últimos presentes, e simplesmente ignoravam aquela figura.
O meu pai aproximou-se e perguntou-lhe se se estava a sentir bem.
Prontamente se juntaram os olhómetros habituais e não tardaram os comentários do género "deve tar com os copos, o velho... tá-se mesmo a ver!".
O senhor estava fraco, provavelmente com uma quebra de tensão. O meu pai deu-lhe atenção enquanto esperávamos pela ambulância. Foi então que o senhor confessou que se tinha emocionado com a música de natal no centro... porque recordou os filhos e os netos, que o tinham deixado ao abandono, até mesmo naquele dia especial...

Esta história marcou-me até hoje... Não sei quantos anos já passaram desde então, mas nunca me esqueci daquele dia...

O triste é que os anos passaram, mas a atitude das pessoas mantém-se inalterável...

A música de Natal que decora actualmente os centros comerciais é praticamente ignorada por todos aqueles que se apressam a comprar, comprar e comprar... Comprar prendas, na maioria das vezes para "pagar" os afectos que têm em dívida para com os seus...

Se for preciso, ameaçam porrada ao carro q os ultrapassa,
Se for preciso, furam a fila para a caixa registadora,
Se for preciso, dão um tabefe no filho porque mudou a televisão para os desenhos animados,
Se for preciso, passam o ano sem sequer telefonar aos avós,
Se for preciso, dão uma voltinha com a nova colega ignorando a mulher em casa,
Se for preciso... faz-se o que for preciso para nosso conforto.

Nosso, nosso, nosso! Os outros? Os "outros" não passam dos "outros"! E só se tornam os nossos na noite de 24 para 25. E pró ano há mais...

Viva o Natal...

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