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Enquanto ouvia as explicações do instrutor dei comigo a imaginar tudo o que poderia correr mal logo na primeira tentativa e a sondar o asfalto em busca de um lugar onde o alcatrão desse ares de ser mais molinho podendo assim aconchegar a queda que se anunciava.
A coisa lá se deu e até nem correu mal. Contra as minhas expectativas consegui arrancar – ainda que a medo – e manter-me em andamento. Foram duas horas de pura adrenalina para quem, de motas, sabia o que era ser (mau) pendura. Ainda assim consegui fazer o meu “estacionamento horizontal” mesmo no meio da estrada. Devo ter cansado a coitada, porque ela simplesmente decidiu deitar-se para descansar. Foi abrir as pernas e deixá-la aninhar-se no alcatrão a retemperar forças.
À segunda aula lá me aventurei um pouco mais, convencido de que já ia percebendo daquilo. Deves! Ela encarregou-se de me chamar à razão logo aos primeiros exageros, assim do tipo: “não te estiques que vais varrer o alcatrão que é uma beleza”. E eu aceitei, até porque ela tem mais experiência nestas coisas do que eu. Mas acabei a aula todo orgulhoso de ter conseguido meter uma 4ª e ter atingido a vertiginosa velocidade de 40 km/h!
Na próxima aula, “the open road”. Finalmente vou enfrentar a estrada acompanhado por todos os que nela circulam. E os receios que se iam esbatendo com as horas de aulas voltam a surgir a cada novidade. Foi assim com o engrenar da 2ª pela primeira vez, com a primeira tentativa de fazer ponto de embraiagem, vai ser assim com a primeira viagem em estrada.
Em breve os maiores receios: os primeiros oitos e… a 600. Mais peso, mais potência, menos capacidade física para emendar os erros.
Mas, aconteça o que acontecer, todas as aulas são uma delícia, mesmo nos erros. Porque a cada metro que percorro aprendo e dou mais um passo para poder um dia apreciar por completo uma viagem de mota.
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