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sábado, 7 de fevereiro de 2004

Metas

É estranha a reacção da nossa mente em relação ao desejo. E quando esse desejo não está alicerçado no sentimento mais profundo e verdadeiro que o ser humano pode ter – o amor – esta reacção torna-se ainda mais difícil de compreender. Podemos desejar algo por um infindável correr de tempo, sonhar com o que irá acontecer quando o conseguirmos, podemos até sentir, quase fisicamente, o objecto do nosso desejo. Um sentimento de pertença, a tocar o prazer ainda que apenas fictício. No entanto, quando finalmente atingimos o que queremos, instala-se uma sensação de quase vazio, como um chegar ao destino sem ter partido. E o que outrora fora objecto de cobiça torna-se rapidamente em algo que muito provavelmente iremos deixar cair na obscuridade de uma simples recordação. Então encontramos um outro objectivo, aquilo que nos parece que sempre quisemos mas do qual nunca nos demos conta.
Talvez seja este permanente estado de insatisfação humana que nos faz andar em frente. De nada serve conseguir algo sem que para tal seja preciso esperar e até mesmo lutar. O grande prazer está no facto de, no final, saber que o conseguimos, que fomos capazes. E se podemos uma vez, podemos sempre - a não ser que o amor se intrometa, e aí a mente pode muito pouco contra a força do coração.

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