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sábado, 2 de fevereiro de 2008

Open Road

E, depois do exame teórico “aviado”, eis que chegou o momento de enfrentar o trânsito com uma 600 pela primeira vez.

Para não fugir à regra, também desta vez a vontade era pouca. Cansaço de uma semana para esquecer, a distância até à escola de condução, o facto de ser sábado de manhã e querer ficar a saborear o quentinho dos lençóis até mais tarde ou todos estes factores em consonância, não sei. A verdade é que nunca fui para uma das aulas com vontade.

E no início esta falta de vontade, esta indolência matinal, faz-se sempre notar. Os primeiros minutos são sempre preenchidos de erros e azelhices, momentos que a maior potência da 600 se encarrega de sublinhar sem pudor. Logo num dos primeiros cruzamentos o reduzir de 3ª para 1ª e largar a embraiagem de uma só vez resulta no bloquear da roda traseira e um deslizar da montada que me desperta os sentidos instantaneamente. Para não repetir.

Passar de uma 125 para a 600 em estrada aberta era algo que imaginava desde a primeira aula prática mas, por muito que idealizasse a sensação, nada me podia preparar para a necessidade de adaptação rápida às diferenças. Senti pela primeira vez o que apenas tinha ouvido falar de quem já anda de mota há mais tempo: ainda que apenas a 60 km/h - que me pareceram 160 – o sentir do efeito do vento pela primeira vez é algo que não esquecerei tão cedo. Realmente inacreditável.

Com o decorrer da aula as coisas foram acalmando e a condução estabilizando, muito pela sensibilidade e experiência do instrutor que, sabendo da falta de experiência do aluno, se limitou a percorrer estradas pouco movimentadas, com algumas rotundas para trabalhar o equilíbrio e a possibilidade de recuperar de eventuais erros. Consegui, assim, começar a perceber a mota que conduzia, a melhorar nos arranques, a controlar o ponto de embraiagem, a curvar com o corpo, no fundo aprendi a apreciar a viagem.

No final da aula a disposição inicial tinha-se desvanecido e a vontade de rolar tinha-se já instalado. Ficam os erros para ponderar e corrigir para a próxima aula e ficam também os episódios caricatos como o ficar sem gasolina pouco depois de iniciar a aula. Mais uma vez a experiência do instrutor salvou o dia ao tomar a decisão de que esta seria a primeira aula com auricular. E assim fui pela primeira vez à bomba, de mota. A primeira de muitas outras no futuro, espero.

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