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segunda-feira, 4 de abril de 2005

Sonho...

Tenho mais pena dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho. Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é a música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão.O sonho que nos promete o impossível já nisso nos priva dele, mas o sonho que nos promete o possível intromete-se com a própria vida e delega nela a solução.Um vive exclusivo e dependente; o outro submisso das contigências do que acontece.
Durmo quando sonho o que não há; vou despertar quando sonho o que pode haver...

In "O Livro do Desassossego" Bernardo Soares

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