O que deixei por dizer

Por vezes somos obrigados a tomar decisões que não são fáceis. Sempre que somos confrontados com dois caminhos diferentes, temos apenas cinquenta por cento de hipóteses de escolher o mais correcto e mesmo assim, quem nos garante que uma dessas opções é efectivamente correcta?
Encontrando-me eu numa dessas situações em que tenho que tomar uma decisão, dei comigo a relembrar as várias escolhas que fiz ao longo do tempo. Desde as mais insignificantes, aquelas sobre as quais nem pensamos muito, até às mais difíceis, que nos levam a perder horas de sono tentando não errar no momento de decidir.
Olhando para trás, posso dizer que não me arrependo das minhas decisões, nem sequer das que – agora tenho consciência disso – foram erradas. E não me arrependo porque mesmo essas me trouxeram sempre algo de bom, fosse apenas a experiência para não voltar a cometer os mesmos erros, fossem coisas mais importantes, daquelas que se não tivéssemos íamos sentir falta, mesmo não sabendo do quê. Apesar de as minhas escolhas, as mais e as menos correctas de igual modo, me terem trazido sempre algo de novo, tenho consciência de que momentos houve em que algumas das coisas que fiz ou disse foram mal interpretadas e, muito possivelmente, injustas. E, essas sim, lamento. Lamento as desculpas que devia e não pedi, fosse por medo, falta de oportunidade ou estupidez, perdendo o momento certo de me redimir, levando a que esses erros não remediados me fizessem separar das coisas boas que tinha, vendo-as desaparecer sem encontrar uma explicação. Lamento as palavras que não disse apesar dos sentimentos existirem, não sendo capaz de as juntar com a coerência suficiente para o dizer, ou, juntando-as no meu íntimo, não ter coragem para o fazer.
É incrível como as coisas que pensamos serem insignificantes num dado momento podem, olhando mais tarde para trás, significar tanto no evoluir de uma vida. É importante compreender que as decisões tomadas hoje devem ser ponderadas não pensando apenas no imediato mas também no futuro.